Grande notizia! Mais relevante acontecimento no Brasil dedicado à cultura italiana, em 2022 o 8½ Festa do Cinema Italiano volta ao formato presencial, em uma edição que traz a seleção dos melhores filmes italianos dos últimos anos, todos inéditos nas salas de cinema no Brasil. Mamma Roma; Leonora, Adeus; Eu, Leonardo; Tintoretto, Um Rebelde em VenezaFreaks OutIl BucoO Rei do Riso; Laços; Guia Romântico para Lugares Perdidos; Mulheres Rebeldes e Tempos Super Modernos são os filmes exibidos, de 28 de julho a 3 de agosto em diversas salas de cinema do Brasil. E você pode assistir ao 8½ Festa do Cinema Italiano no Rio de Janeiro (Espaço Itaú-Botafogo), em São Paulo (Espaço Itaú-Augusta), em Brasília (Espaço Itaú-Casa Park), em Belo Horizonte (UMA Cine Belas Artes), em Recife (Moviemax Rosa e Silva), em Porto Alegre (Espaço de Cinema Bourbon Country), em Salvador (Cine Metha Glauber Rocha). Na sequência, entre os dias 4 e 10 de agosto, será a vez de Vitória, Fortaleza, Natal, Belém, Curitiba, Florianópolis, Londrina, Santos, Campinas, Goiânia, Niterói e Maringá.

homenagem a Ennio Morricone

Como parte da programação contemporânea, que conta com pré-estreias exclusivas no Brasil, o evento este ano traz uma sessão especial de “Ennio, o Maestro”, documentário que Giuseppe Tornatore, de “Cinema Paradiso” e “Mallena”; realizou sobre a vida e obra do grande maestro. Em 2021, o festival realizou sua segunda edição totalmente online, com nove inéditos e dois em pré-estreia nacional em sua programação gratuita. Em 2020 e 2021, o 8½ Festa do Cinema Italiano reuniu mais de 200 mil espectadores. Em 2019, a última edição presencial contou com 44.120 espectadores.

O 8½ Festa do Cinema Italiano é um evento organizado no Brasil pela Associação Il Sorpasso e Risi Film Brasil e com apoios e promoção dos Institutos Italianos de Cultura do Rio de Janeiro e de São Paulo, com o suporte institucional da rede diplomático-consular italiana no Brasil, além da organização logística da Bonfilm.


Mamma Roma, di Pier Paolo Pasolini (Itália, 1962)
[duração 106′, drama]
com Anna Magnani, Ettore Garfolo, Franco Citti

Um retrato neorrealista de martírio maternal que marca uma transição na filmografia inicial do subversivo Pasolini. Segundo filme de Pasolini, com argumento original de sua autoria e uma das primeiras obras do cineasta a retratar os excluídos da sociedade italiana. A partir da história melodramática de uma prostituta de Roma que tenta dar uma vida digna ao seu filho, Pasolini constrói um filme com uma extraordinária dimensão poética e social, coroado por uma das mais exímias performances de Anna Magnani.


Cena de Leonora, Addio, filme de Paolo Taviani

Leonora Addio (Leonora, Adeus), di Paolo Taviani (Itália, 2022)
[duração 90′, drama]

O mais recente filme de Paolo Taviani, dedicado ao irmão Vittorio Taviani, concorreu ao Urso de Ouro do Festival de Berlim 2022, em que foi premiado como o melhor filme segundo o júri da crítica internacional, a FIPRESCI. Após décadas de permanência num cemitério de grande porte, as cinzas do escritor Luigi Pirandello são, enfim, transferidas para o pequeno vilarejo de seu nascimento, conforme os desejos da família e do artista. No entanto, a transferência dos restos mortais é marcada por inúmeros acontecimentos surreais – alguns deles baseados nas próprias ficções do autor.


Io, Leonardo (Eu, Leonardo), di Jesus Garces Lambert (Itália, 2019)
[duração 90′, drama]

Marcando os 500 anos da morte de Leonardo Da Vinci, um olhar inédito, de linguagem cinematográfica singular, sobre um dos maiores pensadores da História. Um filme fascinante que nos convida a descobrir o homem, o artista, o cientista e o inventor: uma experiência nova e envolvente, com uma perspetiva que foge aos estereótipos. O protagonista principal absoluto do filme é a mente de Leonardo, um espaço que o acompanha na evocação dos momentos mais significativos de sua vida, um lugar vasto e abstrato em que a natureza e as cenas interiores convivem e o seu gênio ganha vida.


Tintoretto, un Ribelle a Venezia (Tintoretto, um Rebelde em Veneza), di Giuseppe Domingo Romano
(Itália, 2019)
[duração 96′, documentário]

Uma nova e entusiasmante produção de cinema que celebra o 500º aniversário do nascimento do último grande artista do Renascimento italiano. Com narração de Helena Bonham Carter, e participação especial de Peter Greenaway, uma nova e entusiasmante produção de cinema celebra o 500º aniversário do nascimento do último grande artista do Renascimento italiano. O filme explora a rivalidade entre os mais importantes artistas venezianos do século 16: Tintoretto, Ticiano e Veronese em Veneza. Descobrimos Veneza por meio da vida e das telas de Tintoretto. Com o desenrolar da narrativa, começamos a entender como a peste negra afetou profundamente a cidade e a arte veneziana.


Freaks Out (Freaks Out), di Gabriele Mainetti (Itália, 2021)
[duração 141′, documentário]
com Claudio Santamaria, Pietro Castellitto, Giancarlo Martini, Giorgio Tirabassi

Roma, 1943: Matilde, Cencio, Fulvio e Mario vivem como irmãos no circo de Israel. Quando Israel desaparece misteriosamente, talvez em fuga ou talvez capturado pelos nazis, os quatro são deixados sozinhos na cidade ocupada, mas os seus poderes sobrenaturais vão despertar a atenção de alguém, com um plano que poderá mudar o curso da História. Fulvio está coberto de pêlos da cabeça aos pés e tem uma força sobre-humana. Matilde é uma garota capaz de produzir energia e eletrocutar qualquer pessoa que lhe toque, tão elétrica que acende lâmpadas colocando-as na boca. Mario é um anão com poder de manipular qualquer objeto de metal. E Cencio, interpretado por Pietro Castellito, é um rapaz albino que pode controlar os insetos à sua volta. Estes são os quatro heróis, cheios de verdade e humanidade, de um universo imaginário construído à volta de um dos mais horríveis episódios da História: a Segunda Guerra Mundial. Quando parecia que as aventuras de super-heróis já tinham sido exploradas de todas as maneiras, Gabriele Mainetti retorna à direção, cinco anos depois de O Meu Nome é Jeeg Robot, para demonstrar que a criatividade dos italianos nos filmes de gênero é (quase) inigualável.


Il Buco (Il Buco), di Michelangelo Frammartino (Itália, 2021)
[duração 93′, drama]
com Paolo Cossi, Jacopo Elia, Denise Trombin

O novo filme de Michelangelo Frammartino, que recebeu o prêmio especial do júri no 78º Festival de Veneza, é uma maravilhosa meditação sobre a curiosidade fundamental de compreender as profundezas incognoscíveis do mundo natural.
Durante o boom econômico da década de 1960, o edifício mais alto da Europa está sendo construído no próspero norte da Itália. Do outro lado do país, jovens espeleólogos exploram a caverna mais profunda da Europa no intocado interior da Calábria.
O fundo do Abismo Bifurto, a 700 metros abaixo da superfície da Terra, nas profundezas do Planeta, é alcançado pela primeira vez. A aventura dos intrusos passa despercebida pelos habitantes de uma pequena aldeia vizinha, mas não pelo velho pastor do planalto de Pollino, cuja vida solitária começa a se entrelaçar com a jornada do grupo.
Il Buco reconstitui esta jornada realizada por um grupo de jovens espeleólogos que encontra pela primeira vez o fundo do Abismo do Bifurto, uma das cavernas mais profundas do mundo. Com seu estilo único, Frammartino devolve a tridimensionalidade à tela, deixando que a própria natureza e a humanidade se revelem de acordo com os seus ritmos, e que sejam os seus sons e não os diálogos que falam.

Cena do longa Il buco.

Qui Rido Io (O Rei do Riso), di Mario Martone (Itália-Espanha, 2022)
[duração 133′, comédia]
com Toni Servillo, Maria Nazionale, Cristiana Dell’Anna

Na Nápoles da Belle Époque do início do séc. 20, um ator criou a personagem burlesca de Felice Sciosciammocca, e as salas lotavam para ver suas apresentações. Rei do riso e rei das bilheteiras, Eduardo Scarpetta (1853-1925), interpretado de forma brilhante pelo grande ator Toni Servillo, teve uma história peculiar. Mario Martone, encenador e cineasta, autor de alguns dos grandes títulos do cinema italiano das últimas décadas, revisita as tradições do teatro napolitano e recria o que ele próprio chama de o romance imaginário de Eduardo Scarpetta e da sua tribo. Uma tribo familiar e teatral, onde se juntavam a mulher e as amantes, os filhos legítimos e os ilegítimos, entre eles o famoso dramaturgo italiano Eduardo De Filippo, que nasceu da relação de Scarpetta com a sobrinha de sua mulher. Um dia, Scarpetta resolve parodiar um drama de Gabriele D’Annunzio, o poeta oficial da época, com a anuência deste. Mas D’Annunzio resolve mudar de opinião…


Laços (Lacci), di Daniele Luchetti (Itália, 2020)
[duração 100’, Drama]
com Alba Rohrwacher, Luigi Lo Cascio, Laura Morante, Silvio Orlando, Giovanna Mezzogiorno, Adriano Giannini, Linda Caridi, Francesca De Sapio

Veneza 2020. A invasão do apartamento de um casal desperta lembranças do turbulento casamento, marcado por um período de infidelidade e abandono. Já adultos, seus filhos vivem as consequências dessa estranha fase. Baseado no livro de Domenico Starnone.


Guida romantica a posti perduti (Guia romântico para lugares perdidos), di Giorgia Farina (Itália, 2020)
[duração 106′, Comédia Romântica]
com Clive Owen, Jasmine Trinca, Irène Jacob

Exibido no 77º Festival de Cinema de Veneza, o terceiro longa-metragem de Giorgia Farina traz Clive Owen e Jasmine Trinca como dois desconhecidos, ambos presos numa vida de mentiras, que partem juntos numa extraordinária viagem pela Europa explorando lugares abandonados, enquanto se reconciliam com os seus próprios passados. Allegra (Jasmine Trinca) é uma blogueira de viagens agorafóbica, nunca põe o nariz para fora de casa, sofre de ataques de pânico e tem todas as fobias do mundo. Benno (Clive Owen) é alcoólatra e bebe até esquecer de si mesmo. Ela não consegue controlar mais o seu medo do mundo e ele não consegue controlar sua dependência em álcool. Vizinhos desconhecidos um do outro, encontram-se numa noite de tempestade. Este acaso conduz o improvável casal para uma viagem de autodescoberta entre lugares perdidos e esquecidos. Guia Romântico para Lugares Perdidos é uma comédia dramática sobre a dor de viver, um insólito road movie sobre duas almas atormentadas que embarcam juntas numa viagem entre ruas, silêncios e emoções.


Una Femmina (Mulheres Rebeldes), di Francesco Costabile (Itália, 2022)
[duração 120’, Drama]
com Lina Siciliano, Fabrizio Ferracane, Anna Maria De Luca

Rosa é uma jovem inquieta e rebelde, que vive com a avó e o tio numa cidade da Calábria, entre montanhas e rios secos. Para Rosa, chegar à idade adulta significa trair a sua família e buscar a vingança, mas quando esta família é a ‘Ndrangheta – uma organização mafiosa – cada passo pode ser fatal. Francesco Costabile faz sua estreia na direção de longas-metragens com um poderoso drama, com toques de terror psicológico, sobre a rebelião de uma mulher em luta contra as estruturas arcaicas da máfia calabresa. A beleza e a violência andam de mãos dadas e a paisagem selvagem da Calábria é o pano de fundo desta primeira obra impressionante, inspirada no livro de investigação “Fimmine ribelli” sobre a violência contra as mulheres no seio de famílias que pertencem à ‘Ndrangheta, a associação mafiosa que se formou na região da Calábria e que é hoje uma das organizações criminosas mais influentes, poderosas e perigosas do mundo. Exibido na mostra Panorama do Festival de Cinema de Berlim.


Tempos Super Modernos (E noi come Stronzi Rimanemmo a Guardare), di PIF (Itália, 2021)
[duração 108′, Comédia]
com Fabio De Luigi, Ilenia Pastorelli, PIF

A falta de garantias sociais e a fragilidade econômica são o ponto de partida da nova sátira de Pif, uma comédia original com um olhar crítico sobre o excesso de poder dado à tecnologia e aos algoritmos que marcam cada vez mais o ritmo de nossas vidas. Arturo Giammareresi é um gerente que introduz em sua empresa um algoritmo para ajudar os funcionários a trabalhar menos e melhor. Porém, o algoritmo decide que o trabalho de Arturo é totalmente supérfluo e ele é despedido na hora. Além dos problemas no trabalho, também perde a namorada – porque outro algoritmo decide que o índice de afinidade do casal é negativo. O seu único consolo será Stella, um holograma que encarna (por assim dizer) todas as suas preferências, como se sempre o tivesse conhecido. Quando o teste gratuito do aplicativo, e incapaz de renovar a sua assinatura, Arturo será forçado a dar um passo em frente, em busca do amor real e de sua liberdade. Pif, pseudónimo de Pierfrancesco Diliberto, cineasta e ex-repórter, investiga neste novo filme as realidades contemporâneas visíveis a todos e constrói uma comédia inteligente, que faz referência a filmes tão diferentes quanto “Playtime – Vida Moderna” de Jacques Tati, ou o mais recente Her, de Spike Jonze.

Cena do filme Tintoretto, un ribelle a Venezia.

Cinemateca do MAM exibe ciclo Caro Pier Paolo

Dentro da programação pelos 100 anos de Pier Paolo Pasolini, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro exibirá gratuitamente, nos dias 28 de julho e 2 de agosto, às 18h30, o “Ciclo Caro Pier Paolo”. Trata-se dos documentários “Appunti per un’Orestiade africana” (Anotações para uma Oréstia Africana, de 1970) e “Appunti per um film sul’India (Notas para um filme sobre a Índia, de 1968), realizados por Pasolini em Uganda e Tanzânia e na Índia, respectivamente.  O ciclo faz parte de uma realização do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, dando ao público uma oportunidade de assistir a obras menos conhecidas de Pasolini, que não chegaram a entrar nos circuitos comerciais brasileiros.

“Eu deveria rodar esse filme em vários países do Terceiro Mundo. Seria uma espécie de documentário, de ensaio…, mas dessa forma, a quem interessaria senão às poucas elites politizadas atentas aos problemas do Terceiro Mundo?”, disse Pasolini sobre a produção na África. O filme nunca foi realizado, mas o cineasta o adaptou para um documentário para a TV.

“É um dos mais belos filmes de Pasolini. Nada convencional, nada pitoresco, o documentário nos mostra uma África autêntica, de forma alguma exótica e, por isso, mais misteriosa que o próprio mistério da existência”, afirmou o poeta italiano Alberto Moravia. No segundo documentário, ele examina as diferenças entre a Índia moderna, lidando com um processo de industrialização, e a Índia histórica, encontrada nos textos mitológicos.


Ciclo Caro Pier Paolo na Cinemateca do MAM, no Rio

  • 28 de julho, às 18h30 – Appunti per un’Orestiade africanaAnotações para uma Oréstia Africana (Uganda, Tanzânia, 1970) 70′, documentário
  • 2 de agosto, às 18h30 – Appunti per um film sul’IndiaNotas para um filme sobre a Índia (Índia, 1968) 33′, documentário

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Publicado por:Philos

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